Regras Claras, Mercado Quente

Regras Claras, Mercado Quente

O Brasil saiu na frente. Enquanto muitos países ainda discutem como lidar com criptomoedas, o Congresso Nacional aprovou, lá em 2022, a Lei 14.478/22 – o chamado Marco Legal dos Criptoativos. A nova regra, em vigor desde 2023, deu ao Banco Central a missão de supervisionar o setor e abriu caminho para empresas operarem de forma transparente. E é nesse cenário que muita gente começa a se perguntar se plinko é confiável ou se o país está mesmo pronto pra esse tipo de inovação.

A Receita Federal também não ficou parada. Desde 2019, com a Instrução Normativa 1888, exige que operações com cripto sejam declaradas. Isso tirou o setor da escuridão fiscal e deu mais legitimidade aos investimentos. Resultado? O número de empresas estrangeiras interessadas em se instalar no Brasil aumentou. Exchanges como Binance, Coinbase, Ripple e Crypto.com passaram a ver o país com outros olhos.

A B3, nossa bolsa de valores, se antecipou ao movimento. Já em 2021 lançou ETFs de Bitcoin e Ethereum, abrindo as portas para o investidor tradicional acessar o universo cripto sem sair da corretora. Hoje, são pelo menos 11 ETFs do tipo em circulação. Um feito que chamou atenção até de especialistas de fora. Felipe Gonçalves, executivo da própria B3, chegou a dizer que o Brasil é um dos mercados mais desenvolvidos do mundo nesse setor.

E não para por aí. A Binance integrou o Pix em sua plataforma ainda em 2022, permitindo transações rápidas em reais. A Coinbase lançou seus serviços no Brasil com suporte total à moeda local em 2023. Já a Ripple abriu escritório por aqui, de olho na expansão de soluções blockchain no mercado nacional. Tudo isso é reflexo direto de um ambiente regulado, estável e com sede de inovação.

Quando a Inovação Vem de Cima

Quando a iniciativa parte do topo, o sinal é claro: o Brasil não quer ficar pra trás no jogo da inovação financeira. O Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto, abraçou a agenda cripto de vez. O Drex, versão digital do real, está em fase de testes e promete usar tecnologia DLT (registro distribuído) para transformar depósitos bancários em ativos tokenizados com uso de contratos inteligentes.

Esse projeto não é isolado. O histórico ajuda a entender o caminho: o Pix, lançado em 2020, não nasceu cripto, mas bebeu diretamente da fonte fintech. Hoje é referência global. Agora, com o Drex em construção, o plano é criar uma ponte real entre sistema bancário e redes descentralizadas. Campos Neto já declarou que a tokenização do sistema financeiro começou por aí.

Do lado da regulação, a CVM tem dado show. Em 2024, ela atualizou as regras para permitir a tokenização de ativos como cotas de fundos e debêntures, tudo dentro das normas já existentes. Esse movimento reduz a burocracia para fintechs e mostra que o Brasil está buscando soluções práticas – e não só promessas.

Enquanto isso, a B3 anunciou que vai oferecer serviços de custódia e negociação de ativos digitais. Ou seja, o sistema tradicional está deixando de ignorar o cripto para integrá-lo. Hoje, o investidor pode comprar um ETF de Bitcoin no homebroker ou mandar recursos do banco para uma exchange em segundos via Pix. A fronteira entre os mundos ficou quase imperceptível.

E mesmo onde ainda não tem regulação finalizada, a postura é de diálogo. As ações das instituições mostram que o Brasil não quer apenas acompanhar a revolução digital – quer liderá-la. O que antes era margem, agora ganha status de mainstream. A inovação, por aqui, está longe de ser um experimento: virou política pública.

Cripto Não É Inimigo de Estado

Desde 2023, o governo brasileiro tem mantido uma postura que pode ser resumida em uma palavra: equilíbrio. Em vez de adotar medidas restritivas ou entrar em cruzadas contra o setor, preferiu dar autonomia às agências especializadas — como Banco Central e CVM — para conduzir o diálogo técnico e regular o mercado com base em evidências. Esse caminho vem se mostrando mais eficiente do que proibir ou liberar tudo sem critério.

Um bom exemplo disso é o grupo de estudo sobre blockchain criado pelo Ministério da Fazenda. A ideia não era só entender a tecnologia, mas também pensar como ela pode ser aplicada no setor público. Em paralelo, cidades como o Rio de Janeiro tomaram iniciativas ousadas: ainda em 2022, converteram parte do tesouro municipal em cripto e sinalizaram planos de aceitar pagamento de impostos via ativos digitais no futuro.

E quando o assunto é imposto, o Brasil tem enfrentado o desafio de frente. Em 2024, uma medida provisória passou a tributar ativos digitais mantidos em offshores. A reação? Ao invés de briga, houve diálogo. Receita Federal e representantes do setor vêm discutindo ajustes com transparência. O objetivo não é travar o mercado, mas ajustar as regras para que todos joguem limpo.

Esse cenário positivo foi reconhecido fora do país. O relatório da Chainalysis de 2023 colocou o Brasil no topo da América Latina em adoção cripto — e entre os dez primeiros do mundo. Um feito que tem relação direta com o ambiente regulatório progressista e com o grau de participação institucional que vem crescendo por aqui. O recado é claro: o país não teme a criptoeconomia — está aprendendo a conviver com ela.

Consolidação com Selo Brasileiro

O Brasil está virando referência. Não só pela regulação — que já foi destaque — mas por conseguir algo ainda mais difícil: atrair empresas globais, estimular startups locais e, ao mesmo tempo, garantir adesão em massa da população. Milhões de brasileiros já usam cripto de forma cotidiana, seja como investimento, seja como meio de transação.

Grandes nomes do setor, como Coinbase, Binance, Crypto.com e Ripple, não só entraram no país — investiram. Abriram escritórios, contrataram equipes locais, integraram meios de pagamento como Pix e adaptaram seus serviços à moeda brasileira. Isso só acontece quando há confiança. E o ambiente aqui passou a transmitir exatamente isso.

Pedro Gutierrez, executivo com experiência no setor, resumiu bem o momento: “O país vive um momento de grande consolidação do mercado cripto”. E tudo isso com o Drex em andamento — um projeto que ainda nem saiu do piloto, mas já está mudando a percepção sobre o papel do Estado na transformação digital do sistema financeiro.

Essa combinação — inovação técnica, regras bem definidas e instituições alinhadas — criou algo raro: um mercado em crescimento, com alta adoção, mas sem perder a base legal. Em vez de correr riscos desnecessários, o investidor sente que tem onde pisar. O resultado é visível: mais investimentos, mais soluções sendo lançadas e mais gente vendo no Brasil uma porta de entrada para a criptoeconomia da América Latina.